"A única saída para a felicidade não é o aeroporto", Glück Project explica.

O casal Karin Hueck e Fred Di Giacomo tinham carreiras de jornalistas consideradas de sucesso no Brasil mas decidiram largar tudo para viver um tempo em Berlim e entender um pouco melhor a felicidade. A partir daí criaram o blog Glück Project onde escrevem textos incríveis para contar o que têm aprendido sobre o assunto. E uma das coisas que afirmam é que você não precisa largar tudo e morar em outro país para ser feliz.

Fiz uma breve entrevista com o casal onde eles falam um pouco sobre felicidade, sobre viagens e contam como é morar em Berlim.

O que veio primeiro? A ideia do Glück Project ou mudar de país?
Fred: Acho que as coisas aconteceram meio conjuntas, mas a primeira decisão foi pedir demissão. Lembro de estarmos no trânsito, estressados depois de um longo dia de trabalho e de começarmos a falar sobre a possibilidade de pedir demissão. Acho que a ideia de um um blog sobre a busca da felicidade veio daí. E de lembrar que já tinha tido aquela mesma conversa com dezenas de amigos em cafés e bares. Tinha gente que falava que “a vida começava depois das mais de oito horas de trabalho”.

Por que escolheram Berlim e o que estão achando da cidade?
Karin: Eu falo alemão e tenho amigos e família por aqui, então parecia uma solução mais fácil. Além disso, a cidade é incrível. Além de toda a relação afetuosa que tenho com o país – morei na Alemanha dos 5 aos 9 anos e minha família saiu de Berlim após sobreviver ao holocausto nazista -, a cidade está incrivelmente inspiradora. Por uma série de questões políticas e econômicas (o fim da Guerra Fria, um excesso de habitações vazias), Berlim tem atraído nos últimos anos um mesmo perfil de gente: pessoas com certas pretensões artísticas ou com vontade de abrir projetos pessoais. Sinto que fomos apenas mais dois nessa onda.

Fred: Essa pergunta é clássica, eu até fiz um texto no Glück – chamado “Por que Berlim?”  – pra respondê-la. Eu sou do interior, nunca tinha planejado morar em São Paulo e fui pra lá porque precisava trabalhar e tinha passado no Curso Abril de Jornalismo. Eu sonhava em poder conhecer outros países e culturas também, mas parecia uma coisa muito distante nessa época. Com a estabilidade financeira, essa ideia foi amadurecendo e Berlim pareceu uma opção excelente. Berlim é uma cidade no ápice, não é uma cidade vivendo do passado como tantas outras na Europa. É a atual capital da criatividade; tem muitas startups, muitos artistas, muita gente interessante. O custo de vida é mais baixo que o de São Paulo mesmo sendo uma cidade de primeiro mundo. Você tem um transporte público excelente, ciclovias e muita gente fala inglês. Tem uma forma inteligente de ocupar os lugares – como um aeroporto desativado que virou parque – e as festas em barcos no rio que corta a cidade. Imagina isso no Tietê?  Mas acho legal deixar claro que o Glück não é um projeto de “mude do Brasil para ser feliz”, sabe? Não achamos que a única saída para a felicidade é o aeroporto.

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Pois é, em um de seus textos vocês mencionam que não acreditam que a única saída para a felicidade é a “saída para o aeroporto de Guarulhos”. Mas vocês acreditam que, de alguma forma, morar em outro país por um tempo possa ajudar na transformação pessoal?
Fred: Morar em outro país é um experiência incrível, claro. Te coloca em contato com outras culturas, outras línguas, outras raças e etnias. Mark Twain escreveu que “viajar é fatal para o preconceito, a intolerância e as ideias limitadas”. Nossa imagem sobre o mundo árabe, por exemplo, é muito estereotipada e, em Berlim, você convive muito com a cultura turca, vai vendo que são outros seres humanos ali. Acho que seria muito mais difícil rolarem guerras em que um país destrói o outro, se todo mundo pudesse viajar. Viajar também parece favorecer a possibilidade de enxergar as coisas em perspectiva e nos faz valorizar o que o Brasil tem de bom. Mas vale repetir: a pessoa não precisa sair do seu país (ou mesmo da sua cidade) para “encontrar a felicidade”. A gente não quer que o “discurso da viagem” se torne uma coisa elitista onde só quem tem dinheiro para dar a volta ao mundo é feliz. Se fosse assim, a viagem se tornaria a mesma armadilha que o carrão importado ou as roupas de marca. A gente estuda a felicidade, independente de estar morando em Berlim.

Passei a me questionar sobre as coisas que havia comprado no último ano e enumerar quantas haviam sido realmente úteis para me deixar mais feliz. E passei a não querer mais deixar a vida no piloto automático”. Me identifico muito com esse trecho do texto “Vale a pena largar tudo para mudar o país?” O que vocês aprenderam sobre isso até agora? Vocês trocaram as coisas materiais pelo que?
Karin: Compramos uma bicicleta aqui em Berlim, o que, para mim, que vivia dentro de um carro há 10 anos, foi bastante estranho e libertador. Limpamos nossa própria casa, lavamos nossas roupas e cortamos grande parte dos nossos gastos com restaurantes e comida fora de casa. Também não compro mais coisas de que eu não precise realmente – de roupas a livros. Tinha o hábito de acumular livros na estante que poderiam me entreter por anos, mas agora parei. Não tem muito milagre: para gastar menos é preciso viver com menos também.

Fred: Eu já tinha vivido com menos dinheiro antes de começar a ser promovido na Editora Abril. E é claro que dinheiro é importante. Todo mundo deveria ganhar o suficiente para ter uma vida decente com educação, comida, saúde e lazer garantidos. Mas tem um ponto em que você supre essas necessidades e começa a querer ganhar mais grana pra ter status, pra competir com os amigos, pra valer a pena morar na loucura de São Paulo, sabe? Você trabalha muitas horas pra ganhar um dinheiro que você nem tem tempo de gastar. Isso é uma loucura. Tem muita gente de classe média e alta que está infeliz em São Paulo mesmo “tendo tudo”. O que mostra que o dinheiro traz felicidade até um certo ponto. Tem buracos na nossa vida que precisam ser preenchidos com coisas que não se compra.

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Se me permitem, gostaria de saber um pouco sobre a rotina de vocês em Berlim. Atualmente, o que é um dia feliz pra vocês?
Fred: Quando a gente chegou em Berlim, logo depois de ter largado nossos empregos, nossa rotina teve um pouco aquela cara de férias com direito a passeios durante o dia, cerveja de noite, etc. Hoje, nossa rotina é mais “normal”, no sentido de que a gente já voltou a trabalhar como free lancers, né?  A gente toma café da manhã em casa, trabalha um pouco, reveza quem vai cozinhar o almoço, trabalha um pouco mais. Acho que a grande diferença é que num dia de sol lindo como hoje, a gente  pode sair no meio do “expediente” e ir passear num parque, sabe? Ou eu posso parar o texto que estou escrevendo agora, se tiver batido uma inspiração, e ir pro violão compor. Só que às vezes temos que trabalhar no domingo, saca? Uma coisa muito boa do esquema que estamos vivendo, também, é que a gente não precisa ficar “enrolando  no trabalho”. Numa rotina normal, tem dias que você trabalha 12 horas na sua empresa porque está cheio de coisas pra fazer, mas tem dias que você fica duas horas matando tempo no Facebook e não pode ir embora antes de ter completado as 8 horas do contrato, sabe? Isso é muito improdutivo. As pessoas deveriam ser cobrados por tarefas e metas, não pelas horas que elas ficam paradas no escritório.

Pra Karin acho que mudou muito o fato de ela não sofrer assédio nas ruas. Não ficar ouvindo cantada e poder usar a roupa que quiser quando sai de casa. Acho que isso representa um dia feliz pra ela, sabe? Poder ser mulher e não ter uma vida pior por isso. A segurança e o respeito aqui são duas coisas que fazem muita diferença.

Uns dias atrás publiquei um post dizendo que “Quando eu viajo sou outra pessoa“. Muito mais relaxada, positiva, sorridente e feliz! Enquanto em SP, vivo irritada, correndo, durmo super mal, e meu corpo tem manifestado sintomas de stress. Os motivos pelos quais sou diferente em uma viagem são um pouco óbvios. A questão é: por que eu não consigo transferir essa felicidade de uma viagem para a minha rotina em SP? Alguma coisa que vocês estudaram para me ajudar com essa resposta?
Fred: Olha, o ambiente influencia muito na nossa vida, né? São Paulo tem muitas coisas boas, mas não dá pra negar que ela é uma cidade estressante, violenta, poluída e com trânsito. Então, se você viaja pra uma praia ou pra uma cidade menor, é claro que você vai ficar mais feliz e relaxada. E isso é uma coisa bem interessante da Europa. As cidades grandes, não são tão “grandes” assim. Berlim tem 3,5 milhões de habitantes e é uma das maiores. São Paulo tem 11 milhões, no Rio são 8 milhões! Mas acho que você tem que pensar nos seus pequenos hábitos também. As férias sempre vão ser mais legais que a rotina, mas tem pequenas mudanças que a gente pode fazer no dia a dia para deixá-lo menos estressante. A gente tem que conseguir ter pequenos prazeres na vida, tem que buscar ter uma vida saudável, tem que procurar a beleza que o cotidiano esconde. E o trabalho também é algo que provoca muita angústia hoje em dia. A relação “custo – benefício” que as empresas nos oferecem tem que ser sempre bem analisadas.

Qual o conselho de vocês para quem está infeliz da vida, seja na carreira, no relacionamento, cidade onde mora, etc? Como sair em busca da felicidade?
Fred: Nosso mantra básico é “busque o autoconhecimento”. Antes de você “buscar a felicidade” descubra o que está te deixando triste. Nem todo mundo gosta de viajar ou quer morar na praia. O que te angustia? Sua vida amorosa? Seu trabalho? O trânsito? A solidão? As pessoas são infelizes por vários motivos diferentes. Você precisa descobrir o seu e depois ter coragem para enfrentar o problema, procurar ajuda. E viver de acordo com o que faz sentido pra você e não com o que importa pros outros. É claro que na vida temos que aceitar muita coisa. Muita gente não pode se dar ao luxo de largar um emprego, mas você tem o controle sobre muitas outras coisas: como você vai se relacionar com sua família, com o/a seu companheiro/a, com a sua religião, etc. E  duas dicas para finalizar: organize-se e leia! Infelizmente, o mundo é realmente duro e a vida não é como gostaríamos, é preciso muita organização e planejamento para realizar nossos sonhos. E os  livros te levam a todos lugares do mundo de uma forma barata, além de serem excelentes professores.

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Todas as fotos são do arquivo pessoal da Karin e do Fred

 

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